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Já pensou em Gênesis pelos olhos da Eva?
Imaginei, numa tentativa frustrada de meditação:
No princípio tudo era unidade indiferenciada. Daí Deus cria tudo em sete dias, usando (ou criando) o princípio da dualidade, que opõe uma coisa ao seu ilusório oposto porque divide em dois o que antes eram gradações entre um extremo e outro de uma mesma coisa. Exemplo: divido em duas coisas distintas, "céu" e "terra", o que antes era uma mesma coisa vista de um extremo - o mais abaixo - ao outro extremo - o mais ao alto; outro exemplo seria o que fazemos com frio e quente: tratamos como se fossem coisas distintas, mas são uma mesma coisa - temperatura - captada num dos seus extremos.
Assim, Deus cria luz e sombra, céu e terra, e tudo o mais a partir daí. No sétimo dia, quando então descansa, cessa a atividade de separação das coisas da Criação, e tudo volta a comportar-se como uma coisa só, animais e natureza unidos pelo fio do instinto, que leva todo ser vivo da Criação a saber exatamente seu lugar Nela, tudo o que precisa fazer para manter-se vivo e ser veículo harmonioso de vida para o equilíbrio ecológico. Tem a hora de nascer, tem a hora de morrer.
Eva e seu consorte, Adão, eram também parte desse cenário vivo e divino. Viviam pelados porque sequer cogitavam não o fazer. Não cogitavam nada: estavam, eram, existiam. Meditação perene, execução apropriada do seu lugar na Criação. Nomeavam os seres, isto é, identificavam a realidade e compartilhavam uma linguagem para fazê-lo entre eles. Contudo, sequer cogitavam alterá-la, aprimorá-la, adaptá-la a novas e cada vez maiores comodidades.
Deus, por ser claro e verdadeiro (uma vez que é a própria clareza, a luz que brotou do abismo), não escondia nada de Eva e Adão. Não escondia nem a fonte que movia o fluxo de vida que nutria toda a Criação, a Árvore da Vida, e nem o grande mistério da própria origem dessa Criação: a Árvore do Conhecimento. Não escondia sequer que todo o equilíbrio da Criação estava assentado em uma dádiva e em um tabu (ou um direito e um dever) inerentes a todo ser que era parte Dela: a dádiva era o poder - que todo ser vivo tem - de movimentar Vida (ou ki, ou prana, ou energia vital), enquanto o tabu era o poder - que nenhum ser vivo podia ter - de movimentar Conhecimento, para escolher por livre arbítrio quando e como movimentar Vida, e pra onde, e pra quem, e de que modo. Com a quebra do tabu, viria a punição: o conhecimento da Morte, que vive no hiato entre o crescimento e o fenecimento de Vida.
Adão estava bem com a balança da dádiva e do tabu, porém Eva trazia a semente da suscetibilidade para questioná-la: por algum motivo que não estava claro, Deus não a criara do barro como a Adão, mas a fizera de um pedaço do próprio Adão. Com isso, Eva não era mais uma criatura da Criação, feita a partir do material inominado/inanimado que dera origem a todos os outros animais. Ela inaugurava uma terceira camada: uma criatura nascida de um pedaço de outra criatura. Eva já era diferente, daí.
E esse negócio de ser diferente sempre deixa uma pulga atrás da orelha da gente. Um desacerto entre o ser e o mundo ao seu redor já se estabelece, e como pólvora ele atiça e alastra a curiosidade. "Por que não sou como tudo o mais que me cerca? E se não sou como eles, o que sou?" O pensamento de Eva foi parar na encruzilhada, morada de todo ser que é um cado especulativo.
Não à toa, a astuta serpente sabia bem onde ir criar confusão, ou, vendo por outro ponto de vista, ela sabia bem onde ir provocar as trocas de pele / transformações, o que afinal é um dos seus papéis na Criação. Eva deixou florescer sua semente curiosa pelo Conhecimento do Bem e do Mal, e assim comeu da maçã proibida. O pentagrama que a maçã escondia devolveu à Criação o princípio da dualidade em franco movimento, ao mesmo tempo em que tornou Eva um indivíduo conhecedor dele, atuante nele: uma consciência desperta e de posse do seu recém conquistado/roubado livre-arbítrio. Prometeu a entenderia, aposto.
A partir daí, convencer Adão foi um pulo, fácil demais, dadas as múltiplas possibilidades de estratagemas e subterfúgios disponíveis a quem pode manipular prana conscientemente, bem como ver-se como separado(a) de tudo o mais na Criação. É a partir desse conhecimento da separatividade, da possibilidade de operar no mundo a partir da dualidade, que Eva passa a ter que parir (unir-se ao bebê e depois separar-se dele), Adão a lavrar a terra (estimulá-la a oferecer mais do que naturalmente faria, por uma estratégia pensada de agricultura, que "separa" o homem da simples obediência ao / vivência do ciclo da natureza), e por aí vai.
Assim, a humanidade vem afogando-se pouco a pouco na ilusão de poder dominar o mundo através da adaptação dele às estratégias que só são possíveis SE enxergamos o mundo sob o prisma do princípio da dualidade como uma finalidade, um fim em si mesmo, e não como parte (que é) do processo completo (chamado de sagrado, hoje em dia) de Criação, que consiste em sair da unidade para multiplicar através da dualidade e, enfim, retornar à unidade, pendulando assim por ciclos e ciclos.
Em resumo: Eva seduz nosso olhar na direção da roda natural, que nos acorda da condição inconsciente de sermos parte do todo da Criação, o que a princípio bota um poder tremendo na nossa mão: o poder de escolher entre o Bem e o Mal. Enquanto vamos escolhendo, vamos aprendendo que ambos são lados de uma mesma moeda, e que a rede de causas e consequências na Criação estende-se ao infinito. De posse dessa consciência sempre crescente das ações e reações que envolvem a Criação, guiadas pela lamparina da Sabedoria Una (Anima Mundi?), vamos nos reaproximando daquela paradisíaca Unidade perdida, mas, desta vez, conscientemente.
E é por tudo isso que encontramos Eva por aí, hoje em dia, em meio ao ninho de serpentes de bilhões de bits de dados de Conhecimento embaraçado: serpentes que devoram-se umas as outras, esvoaçando-se em múltiplas direções tal qual a cabeça da Medusa, sempre que não reste qualquer vestígio da Sabedoria Una no caminho... a não ser um suave perfume de rosas, que ela gentilmente deixou no ar para inspirar-nos a jornada rumo ao reencontro com Ela, quando tudo fará sentido novamente.
Eva deixa suas mensagens como sementes de estranheza e questionamento, semelhantes àquela semente que ela também foi um dia, no já quase esquecido Paraíso. São suas amadas filhas, as pequeninas curiosidades.
Ela não pragueja contra a sorte que Deus lhe reservou.
Nem sequer julga má a astúcia das Serpentes.
Fez delas suas amigas, no melhor sentido do termo:
gente que te ajuda enriquecendo a vida com novas e outras visões do que o mundo poderia ser,
gente que, se você não fica esperta(o), te coopta para ser servidor(a) dos seus próprios e pessoais propósitos, vampirizando-te a Vontade.
Sendo as serpentes assim, essa misturinha boa de veneno e remédio, convida-as a inspirar na gente que a procura, mensagens que deixem todo mundo com aquela pulga atrás da orelha, sementinhas da curiosidade, lembra delas? Aquelas que te despertam do Paraíso da inconsciência para o Inferno das escolhas.
A esperança de Eva, e seu ministério eterno,
é que findo esse conflito com as escolhas,
a humanidade se redescubra Una,
enfim,
sabendo sê-lo,
saboreando sê-lo.
SAPERE.
SAPORE.
E fim.
AUTORIA: Elisa Maria - alias Eva Messages
***
P.S.: Segundo o "Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa" de José Pedro Machado, a palavra saber vem do latim 'sapere', que significa «ter gosto; exalar um cheiro, um odor; perceber pelo sentido do gosto; fig., ter inteligência, juízo; conhecer alguma coisa, conhecer, compreender, saber".
A palavra sabor, segundo o mesmo dicionário, deriva do latim 'sapore-', que quer dizer "gosto, o sabor característico de uma coisa, em sentidos próprio e figurado; no pl., coisas de bom gosto; odor, perfume; gosto, acção de provar; (...)."'
FONTE: in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/etimologia-das-palavras-saber-e-sabor/15864 [consultado em 19-06-2023]